História de ex-judoca militar inspira novas gerações a superar seus limites

História de ex-judoca militar inspira novas gerações a superar seus limites

Campinas-SP - O esporte, como um todo, é um meio de vida para muitos atletas que encontram em suas várias modalidades a sua inspiração de vida, o mote para seguir em frente e buscar, cada vez mais, se superar. Reconhecer, alcançar e bater os próprios limites, dizem, que se torna um vício, um jeito de focar todas as suas atenções e, sempre, buscar o próximo passo e a próxima vitória. Por esses motivos, não é incomum encontrarmos muitas histórias de pessoas que chegaram no topo da vida esportiva e buscaram transmitir aos mais novos todos os seus ensinamentos, conhecimentos conquistados durante uma vida toda.

E, quando a história de vida escancara as dificuldades que a vida pode trazer, esses esportistas deixam de ser apenas um exemplo de conquista dentro do esporte e passam a servir como inspiração. Um modelo de como, ao enfrentar as mais variadas dificuldades, encontrar nas suas raízes a força e determinação para seguir em frente, sempre baseado nos valores aprendidos dentro da sua modalidade.

É o caso do 2° Sargento Irbis. Militar e apaixonado pelo judô durante praticamente toda a sua vida. O sargento Irbis, conhecido por judocas militares de todo o País, enfrentou a infecção pelo Covid-19, um triste diagnóstico de sua capacidade pulmonar, quando foi informado que 70% dos pulmões estavam comprometidos pela doença, a diabetes e, por fim, uma trombose que acabou por forçar a amputação de sua perna esquerda, acima do joelho.

Toda essa “tragédia” recaiu sobre os ombros do atleta como uma bomba, no momento em que se desligou do serviço ativo e a sua transferência para a reserva remunerada havia sido publicada no Diário Oficial da União.

“Eu entrei com os documentos para solicitar a reserva, passei por todo o processo da aposentadoria e alguns dias depois que foi publicado, eu me senti mal. Senti a perna dura e pedi para minha filha me levar ao hospital. Daí em diante, fui recebendo as notícias dos médicos. Eu não acreditava e me recusava em fazer a amputação. Foi um enfermeiro que, ao conversar comigo, me fez entender que era necessário fazer o procedimento”, disse Irbis.

Desde jovem, Irbis treinava Judô. Foi incorporado às fileiras do Exército aos 19 anos e manteve a prática esportiva durante todo o período que esteve na Força Terrestre.

“Eu entrei para o Exército como recruta. Na época ainda era possível, mesmo entrando como soldado, no Serviço Militar obrigatório, seguir carreira, se estabilizar e aposentar na Força. São as minhas duas paixões: o Exército, que me permitiu alcançar tudo que tenho na vida e o Judô, que me fez buscar o aprimoramento, todo o foco e determinação que, inclusive, me ajudou a superar o momento mais difícil, quando precisei amputar a minha perna”, conta o 2° Sargento.

Durante o período que ficou no Serviço Ativo, o então soldado Irbis serviu na Brigada Paraquedista e se orgulha de ter praticado os saltos necessários e do “boot marrom”, conquistado com muito esforço e dedicação em uma carreira cheia de conquistas tanto dentro, como fora da caserna.

Após passar pelo procedimento cirúrgico que amputou a sua perna esquerda, acima do joelho. O 2° sargento Irbis conta que enfrentou o problema de forma serena e relembra que, quando acordou da anestesia, queria ver como havia ficado sua perna e com a determinação de um paraquedista disse ao enfermeiro “eu vou ver, sou paraquedista” e retirou a proteção que o impedia de enxergar seus membros inferiores.

Após esse primeiro baque, ao perceber que, de fato, havia tido a perna amputada, o Sgt Irbis se concentrou e afirma que “nunca chorei durante todo esse processo de recuperação que estou passando. Para não dizer que nunca aconteceu, apenas uma vez, quando saí do hospital, eu me desequilibrei ao tentar entrar no carro e bati a cabeça contra a lataria. Mas acho que foi mais pela dor da batida do que pela lamentação de ter perdido um membro” sorri, ao lembrar.

Hoje, ainda em recuperação e adaptando-se à prótese que lhe dará sustentação para levantar-se para o resto da vida, Irbis almeja ajudar pessoas que passaram por situação semelhante e quer mostrar que a vida tem muitas oportunidades para se restabelecer e ser feliz, mesmo enfrentando todo e qualquer tipo de problema que possa aparecer.

Nesta Olimpíada do Exército, o sargento acompanhou toda a disputa do Judô. Relembrou dos seus bons tempos de judoca. Participou da entrega de medalhas aos vencedores. No entando, não foi a modalidade da sua vida que o trouxe para Campinas, na EsPCEx, onde as provas do Judô foram realizadas.

O 2° Sargento Irbis, não pode mais lutar no Judô. A ausência de parte da sua perna esquerda o impede de realizar quase todos os movimentos da modalidade.

O que trouxe o militar para a cidade foi a estréia do Tiro com Arco Paralímpico na competição. Ao se ver impossibilitado de adentrar ao tatame, Irbis tornou-se um próspero atleta com o arco nas mãos.

Fotos: 1° Ten Douglas

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